"Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vezes fico pensando que a burrice é uma Ciência".
Ruy Barbosa
Há um debate nada salutar que ainda vigora no nosso país, especialmente em época de eleições. É o debate que divide a sociedade em dois pólos antagônicos, o Povo X a Elite. Como se uma elite não fizesse também parte de um povo. Aliás, a palavra elite nada tem a ver com o sentido que a empregam nesse tipo de debate. Explica Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Ou seja, são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar o certo e o errado.
Assim, num contexto mais histórico, podemos dizer que foi a elite que lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar Lula (que se diz contra as elites e a favor do povo) das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias, e depois o elegeu, o primeiro operário, Presidente do Brasil, na esperança de mudança. Mas ainda hoje a elite é vista como a inimiga. Não acho correto essa divisão. Mas tudo bem, vamos dividir e pensar.
O cidadão que veio da elite, que teve o privilégio de aprender a ler, de estudar, de trabalhar, de comer diariamente e de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudesse ser capaz de pensar com independência. O cidadão que veio do povo, seguindo o raciocínio da divisão, naturalmente não teve as mesmas oportunidades. Considerando a realidade brasileira, a elite seria uma minoria e o povo a maioria, não precisa ser nenhum gênio para chegar a essa conclusão. No nosso regime de governo vence, via de regra, o representante que é escolhido pela maioria de votos. Isso é basicamente a Democracia, o governo do demo, demo= povo, cracia= governo.
Há um refrão popular muito entoado pelo próprio povo: “A voz do povo é a voz de Deus”. Então Deus é o demo, é o povo a se manifestar? Que Deus é esse? Eu acredito num Deus soberanamente bom, justo e de infinta sabedoria e inteligência. Pela divisão que fizemos isso não tem nada a ver com o povo, certo? Estou aqui num jogo de palavras buscando reflexão. Há uma inversão de valores quando se fala em povo e elite. Se você buscou conhecimento, sabedoria, trabalho e bem estar material, você se “elitizou” e não é mais do povo! Você prefere ler um bom livro, escutar um clássico e ver programas culturais, não gosta de cerveja, carnaval e futebol, ah meu amigo, você não é do povo, é elite! É o povo que diz! E a voz do povo é a voz de Deus!?
Abaixo segue um texto interessantíssimo abordando este e outros temas. Corroboro com todos os argumentos do colunista. Sigamos em frente, refletindo e fazendo a nossa parte, na esperança de que um dia povo e elite se confundam, definitivamente!
http://umsul-mato-grossensenaweb.blogspot.com.br/
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