Como toda segunda-feira, acordei pontualmente atrasado, depois de usar cinco ou seis vezes a função soneca do meu despertador no celular. Quase sempre, deixo o “bixo espernear” cinco ou seis vezes, já que, conforme pesquisas científicas da Oxford Massachussetts Cambridge Univesity, ficou demonstrado que geralmente na sétima vez, o corpo tende a reagir instintivamente jogando-o no chão ou o arremessando na parede. E eu não deixo isso acontecer (mais)!
Foi mais um despertar lindo, de verdadeira “bela-adormecida”, com os costumeiros peidos, grunhidos e coceiras em partes não reveladas à você, por falta de um pouco mais de intimidade. Mas como sempre, um despreguiçar silencioso e melancólico, incentivado pela carga emocional negativa despejada em nossa mente durante muito tempo (não sei desde quando), que faz da segunda-feira de manhã (até o dia de hoje) uma tortura quase insuportável.
Começa tudo no domingo a tarde, que vai “minando” a nossa depressão com intermináveis programas de humor sem graça nenhuma, apresentadores insuportáveis e uma extensa programação na TV paga que quase não faz valer a pena o dinheiro investido, somados à agenda cultural quase nula das nossas cidades nesse dia de ócio. Isso tudo gera um clima de enterro que permeia o “boa-noite” de domingo e se estende até até o dia mais mal falado da semana.
Essa segunda-feira seria mais um martírio, uma cena tediosa, não fosse, por um despertar de consciência involuntário e bastante transformador que me acometeu após dar a primeira pisada ao sair da cama...
A sensação do primeiro passo foi aquela de sempre, uma fisgada de dor na planta do pé direito, proveniente de umafascite plantar adquirida com anos de corrida mal feitas. Dor, que apesar de incômoda e quase me fazer soltar o primeiro xingamento do dia, me fez pensar em quantas pessoas deficientes ou adoecidas sonham em se libertarem de seu leitos e darem esse primeiro passo de manhã. Um privilégio que sequer damos valor.
Como de costume, liguei a TV para ouvir o noticiário da manhã. Catástrofes naturais, corrupção, violência urbana, previsão de tempo enlouquecida, morte. Antes mesmo que eu pudesse sentir qualquer tipo de desânimo e “meter o pau” na imprensa sensacionalista, alegrei-me rapidamente ao notar que eu estava OUVINDO tudo aquilo, ou seja, não era surdo e ainda podia ver aquelas imagens, mesmo que não tão belas, mas que fazem parte do nosso cotidiano queiramos ou não.
E o mais consolador, logo em seguida : não me senti confortável com nada daquilo que ouvi e vi, sinal de que ainda trago comigo aquele sentimento, que talvez tenha sido o responsável por muitos terem transformado o seu meio e ainda fará outros criarem coisas novas e sentirem-se animando em viver: o Inconformismo. O sentimento avesso à aceitar tudo como está e pronto.
O sentimento de que “aceitar a desgraça do mundo” não muda a nossa vida positivamente e ainda pode a tornar bastante amarga, assim como os laboratórios de drogas querem que ela se torne (ou continue).
A discordância, o Inconformismo e relutância em aceitar o errado nos fazem fortes para tentar fazer a nossa parte e ainda nos sentirmos mais úteis. Atores principais de uma existência tão rápida.
Antes mesmo de você julgar esse texto como mais uma “conversinha de bar entre amigos”, posso afirmar categoricamente que toda essa introspecção veio de forma rápida e quase instantânea e mudou completamente minha forma de enxergar a Segunda-feira!
Entrei no carro louco para trabalhar e enfrentar o mundo. O trânsito louco, as pessoas afoitas e com uma pressa descomunal, sangue nos olhos e velocidade de competição..... Atitude que lhes fazem cegas e alheias as coisas tão boas que as cercam como a natureza à sua volta e como não fazerem parte da estatística do desemprego, das doenças venéreas, do câncer, do desastre natural, da violência, da morte ...
Viver é encarar toda segunda-feira de cabeça erguida, com coragem e ao mesmo tempo serenidade para enfrentar problemas. Encarar a realidade de que esse mundo não é o paraíso, mas podemos “criar” o nosso, a cada atitude bem tomada e, às vezes, simplesmente, com um outro ponto de vista.
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