Diz o
adágio popular que se conselho fosse bom não se dava, vendia.
Discordo completamente. Conselhos são sempre bem-vindos. Claro, é
preciso verificar a fonte e analisar o teor dos conselhos. Bons
conselhos, no intuito de ajudar e não de criticar, é uma
demosntração de preocupação com o bem-estar alheio. Por isso não
se vende, como não se vende outros bens imateriais como a amizade, o
amor, o afeto etc. Mas é bom registrar que ninguém deve sabe melhor
sobre nossas vidas do que nós mesmos. Conselhos são orientações
baseadas nas experiências de vida de quem aconselha - que podem ser
seguidas ou não pelo aconselhado. Cada um de nós tem as próprias
experiências e está livre para decidir.
No campo
dos relacionamentos amorosos essas experiências são especialmente
singulares. Cada caso é um caso. É um universo muito complicado,
com muitas regras e com muitas variáveis ao mesmo tempo. Dois seres
humanos completamente diferentes, mas dispostos a interagir. É
natural muitos se enrolarem nesse processo (e eu não estou dizendo
que estou imune a isso). Como me interesso pelo tema, vou me arriscar
aqui a dar alguns conselhos nessa área, mesmo não me julgando um
grande expert no assunto e lembrando de todas as ressalvas feitas
acima.
ÀS
MULHERES:
Se já
ficou claro que o caso é só uma "amizade colorida", seja
de uma forma direta - ele disse expressamente que não pretende um
maior envolvimento no momento -, seja indireta - ele não demonstrou
nenhuma movimentação nesse sentido - entenda e assuma os riscos
desta situação. Tem muita mulher que pensa (talvez até de uma
forma inconsciente): - "Ah, com o tempo vou fazer ele gostar de
mim!" O.k., é uma aposta válida. De fato, pode ser que isso
aconteça. Mas tem muitas chances de isso não acontecer também. Não
culpe o cara por isso, dizendo que ele fez você perder tempo, que
ele te usou etc. Não fique ressentida. Você topou o risco, foi
escolha sua. Tentou fisgar o cara, não deu certo, bola pra frente!
Não se faça de vítima. O que me remete ao próximo conselho.
Parem de
se fazer de vítima, em qualquer hipótese. Sabe aquela coisa de
achar que "todos os homens são cafajestes e nós mulheres somos
vítimas indefesas de suas canalhices"? Pare já com esse
discurso, isso não leva a nada e não faz mais sentido. Poderia até
fazer na época em que as mulheres eram submissas aos maridos, não
podiam se divorciar, não podiam votar, não podiam trabalhar etc.
Mas hoje não cola mais. Você foi traída? O cara te sacaneou?
Mentiu? Primeiro, isso não é privilégio feminino, acontece todos
os dias com os homens também, em igual ou maior proporção.
Segundo, você não percebeu nadinha? Ele te iludiu ou será que não
foi você mesma que se iludiu? Dizem que o amor é cego, pois às
vezes penso que é cego, surdo e com deficiência mental. Quer ver um
exemplo que, incrivelmente, ainda acontece muito? Mulheres que se
envolvem com homens casados. "Mas ele me iludiu, disse que o
casamento ia mal, que estava prestes a terminar." Sei, e você
tem o quê, uns 12 anos de idade para cair numa conversa mole dessas?
Resumindo, tanto homens como mulheres, a verdade é que somos muito
mais vítimas de nós mesmos, das nossas próprias escolhas.
Transar
ou não transar no primeiro encontro? Eis a questão. O sexo é, sem dúvida, o auge da intimidade com o parceiro. É o clímax da relação. Portanto, é interessante que haja afinidade, sintonia, química, pele, ou sei lá como vocês mulheres queiram chamar. E, pela lógica, esta afinidade vai surgindo e se desenvolvendo com o tempo. Eu diria que essa é uma regra geral. Mas há muitas outras variáveis nessa questão. Quanto seria esse tempo? Já repararam como há pessoas que você conhece e de cara sente uma afinidade incrível, muito maior que com outras pessoas que você já conhece há anos? O tempo é muito relativo nestes casos, não dá para dizer qual o melhor momento para o "sinal verde". Varia de pessoa para pessoa, de situação para situação. Claro que o ideal é ir conhecendo aos poucos, mas não há um manual de regras. Comigo já aconteceu de rolar tudo com a parceira logo no primeiro encontro. Algumas vezes foi ótimo, memorável, e uma delas até virou namorada depois. Outras vezes não deu a tal química. Ou da minha parte, ou da parte dela, ou dos dois. Já aconteceu também de demorar muitos encontros até chegar lá. Mas quando chegou, mais uma vez cadê a tal química? Será que se criou muita expectativa? Também houve casos que a vontade foi aumentando com o tempo. E quando finalmente chegou o grande momento foi "o momento". E aí, será que nesse caso a expectativa ajudou? É tudo muito relativo. Outra coisa importante a considerar é que a afinidade sexual independe de outras afinidades e vice-versa. Às vezes você se dá muito bem com a pessoa, conversa agradável, mesmos gostos, mesmos interesses... e só. Outras vezes, tem muita pele, o beijo combina, o cheiro, muita química... e só. De resto são completamente diferentes. O ideal é combinar tudo, mas é difícil. Por tudo isso, não dá para dizer se é no primeiro, no terceiro, ou no vigésimo encontro que as coisas devam acontecer. O importante e estar de bem com você mesma. Estar à vontade. E com vontade.
Mas vamos aprofundar mais o tema. O sexo é ainda um verdadeiro
tabu para muitas mulheres. Deixando idéias machistas,
preconceituosas, conservadoras e religiosas de lado (ou considerando
todas elas), eu penso o seguinte: consulte a própria intimidade. Não
faça ou deixe de fazer algo baseado na opinião da sociedade. Isso
serve para tudo. Guiar a própria vida para ficar "bem" aos
olhos dos outros só acarreta infelicidade e frustração. Não vale
a pena. Como todos sabemos, apesar da revolução feminista, boa
parte da sociedade ainda é extremamente machista. De forma
hipócrita, muitos homens julgam as mulheres porque bebem, fumam,
dançam, usam roupas curtas etc, como se fossem arautos da
moralidade. E você, o que vai fazer? Vai se manter virgem para casar
com um machão desses? E se não der certo, vai ficar se lamentando, culpando os homens, a sociedade? Por favor, não me entendam mal, não estou levantando a bandeira da libertinagem sem freios. Não acho que o sexo deva ser banalizado. Mas também não acho que deva ser santificado, colocado num pedestal. Muito pelo contrário, a falta de uma abordagem franca e honesta sobre o tema é o que gera a maior parte das frustrações nesta área. É fundamental estar bem resolvida com você mesma para poder ficar bem com outra pessoa. Se ainda não se sente assim, vá atrás das respostas - livros, médicos, psicólogos, terapias estão aí para isso. Meu conselho então: o que quer que faça ou deixe de fazer, faça por vontade própria, por convicção íntima, pelo seu entendimento e posição acerca do assunto, não para seguir o padrão social, tampouco por rebeldia a ele, mas por você mesma. E não adianta lutar contra os julgamentos da sociedade, desses muitos "homens das cavernas" que andam por aí. Sempre tem um babaca que dá
carona para uma garota e depois espalha que transou com ela. É uma
luta inglória. Portanto, seja você mesma e seja feliz! Sendo mais
direto, vou dizer minha opinião. Não acho nem certo, nem errado. Cada caso é um caso. Não é por aí que se mede o valor da mulher. Quem o faz é
machista, antiquado e não merece consideração.
Vejamos
outra situação que também ocorre muito. Você saiu
com um cara que acabou de conhecer, ou conhece há pouco tempo, ou há muito tempo, não importa (não vamos entrar nesse mérito). Rolou
a maior química, muita pele, sintonia e...transou! Você achou tudo
muito bom, uma ótima noite, fechada com chave de ouro. Mas aí, o
tal cara que era o máximo sumiu do mapa! Você se sente arrasada,
iludida, usada, humilhada e sei lá mais o quê. Não, não encare
desta maneira. O cara transou com você e sumiu? Mas ele é livre,
não é? Você pretendia prendê-lo? O sexo cria uma espécie de
compromisso? Não é bem por aí. Até namoros e casamentos de muitos
anos acabam, o que significa que nada é capaz de criar
verdadeiramente um compromisso, a não ser a disposição de ambos de
quererem ficar e permanecer juntos. De am-bos. São duas vontades que
coincidem. Na vida não há garantias absolutas. Em relacionamentos
muito menos. Não podemos controlar a vontade de outras pessoas, mas
somente as nossas ações e reações com elas. Então relaxe e siga
em frente. O cara te usou? Você também o usou de certa forma. Ele não te quis
mais? É um direito dele. Como você também poderia não querer mais
e pular fora. Simples assim. Mas você se envolveu e ele te enganou? São os riscos, você não tem culpa, isso é com ele e a consciência dele, a sua está tranquila, certo? Então respire fundo e siga em frente. E já que o assunto é sexo, vou abrir um
parêntese aqui para dizer uma coisa importante às mulheres, mesmo
para as mais tímidas. Ao saírem de casa não se esqueçam dos
preservativos na bolsa. Parece óbvio, mas tem muita mulher por aí
que ainda "acha que é obrigação só do homem". E depois de uma
doença ou uma gravidez indesejada, vai valer a pena discutir de quem
era a obrigação? Não custa nada. E também colocar a camisinha na
bolsa não quer dizer que você está saindo já "pensando
naquilo". É só prevenção mesmo.
Um
conselho final à mulherada: sejam mais unidas! Parem de falar mal
uma das outras! O machismo do qual falei acima só tem muita força
ainda porque tem o aval de vocês. Sim, vocês não só o aceitam,
como o alimentam. Já ouvi muito mulheres julgando umas às outras,
dizendo da amiga que não presta, que sai com todo mundo, que usa
roupa curta, enfim, os mesmos conceitos machistas de muitos homens.
Parem também de competir umas com as outras! Que rivalidade é essa?
Ficar mais bonita que a outra, comparar roupas e sapatos, flertar com
o paquera da amiga, isso não leva a lugar nenhum, só às mesmas
frustrações e decepções descritas acima. E por último, parem de
disputar um único homem. Aquele tipo "galã da madrugada"
que está sempre cercado de mulheres sabe? Você realmente quer ser
mais uma ali, cercando e paparicando o cara? Tomem cuidado com o
tipão jovem, boa estampa, baladeiro e bem sucedido
profissionalmente. A lei da oferta e da procura está a favor dele.
Inverta o jogo e invista em homens com pouco "status", mas
com valores verdadeiros, como caráter, personalidade, companheirismo
etc. Estes quase sempre são esquecidos e estão loucos para arrumar
uma garota legal. Agora, se você quer só diversão, aí tudo bem,
fique ali cercando o galã que uma hora chega a sua vez na fila.
AOS
HOMENS:
Retomando
o mesmo raciocínio das linhas anteriores, aos homens tímidos e
desesperançados, meu conselho é que animem-se! A lei de oferta e
procura está ao nosso favor. A demanda é muito alta. A minha teoria
é a seguinte. Numericamente existe no mundo uma quantidade muito
maior de mulheres do que homens, sei lá quantos milhões a mais.
Mulheres também vivem mais do que homens, o que aumenta a proporção.
Deste número menor de homens, muitos são gays, que se relacionam
com outros homens, restringindo mais o mercado para as mulheres
(o.k., existem as lésbicas também, mas são em número menor, pelo
menos aparentemente). Dos que sobram, muitos são ignorantes,
babacas, problemáticos, machistas, grosseirões, chatos ou
abobalhados. Sujeitos legais, héteros e solteiros somos poucos! Há
ainda outro fator a ser considerado: a idade. Um homem de 40 anos,
por exemplo, tem um leque de escolha que vai de meninas de 18 a
mulheres de 50 anos, em tese. O inverso, socialmente falando, é bem
mais complicado. A mulher teria um leque muito menor de opções. Em
tese, viu leitoras, muita calma nessa hora, isso é só um panorama
geral, a coisa varia de mulher para mulher, nada de desespero hein?
Mas, voltando ao assunto, o que quero dizer é que se você é um
homem médio (que gosta de mulher), ou seja, um bom sujeito, com um
certo grau de educação e com um emprego razoável, você está numa
ótima posição. Se tem entre 20 e 40 anos, nível superior, um bom
emprego, uma boa aparência e um papo interessante, então anime-se
mesmo - você é raridade no mercado meu chapa! É só sair e se
mostrar, no bom sentido claro, sem ser arrogante ou metido. Confie em
si mesmo e vai chover na sua horta! O que me leva ao próximo
aconselhamento.
No jogo
da conquista, confie em si mesmo. Autoconfiança é tudo! Quando você
sai de casa para a balada, se olha no espelho e diz para si mesmo
algo do tipo: - "Ah muleque, você é o cara!" Então,
tente manter essa mesma energia ao chegar na balada e,
principalmente, quando for conversar com o "alvo"
escolhido. Eu sei, na prática é meio difícil, mas é questão de
treino também. Mas cuidado, autoconfiança não se confunde com ego
inflado. Nada de dar uma de metidão, ficar se exibindo e falando de
si mesmo para a menina. Pelo contrário, mostre você interesse pelo
que ela fala! Olhe nos olhos, aja naturalmente, nada de
ga-ga-gaquejar. Pergunte sobre ela e ouça atentamente. Faça
gracejos no meio da conversa. Tente conduzir mais para o lado
informal, nada de papo muito cabeça (pelo menos não nesse primeiro
encontro). Bom, tudo isso são umas pequenas dicas genéricas, o fato
é que não tem muitas regrinhas na hora "h", vai muito do
contexto, do momento, da situação. O mais importante e fundamental
em qualquer caso é a autoconfiança. Mas se você chegou confiante e
educado (educação é importante, chegar agarrando ou puxando o
cabelo não rola) para conversar e ela virou o rosto, te ignorou, ou
respondeu monossilabicamente suas perguntas, tudo bem, fique frio.
Isso é bem comum. O que você perdeu? Nada. Então desencane. É o
próximo conselho.
Desencane.
Isso significa não ficar preocupado ou ansioso para arrumar alguém,
seja uma paquera, um caso ou uma namorada. Esse conselho serve para
as mulheres também. Esteja bem sozinho. Sinta-se completo e
realizado sozinho. Quando você realmente estiver bem sozinho é que
estará preparado para relacionamentos saudáveis, em que não se
está com alguém por carência, porque precisa, e sim porque quer.
Não é para completar, você já é completo. É para somar. É para
melhorar o que já está bom. E, por incrível que pareça, esta
postura desencanada é afrodisíaca, é o canto da sereia para a
mulherada. As mulheres querem um homem que elas possam
admirar, que seja seu porto seguro. É da natureza. A fêmea escolhe
o macho mais forte, o melhor para protegê-la e reproduzir a espécie.
Um cara desencanado é independente, seguro de si, tem autoestima
elevada, e isso atrai o mulherio. O cara que faz o tipo "romântico
incompreendido", carente, que vive em busca da "cara
metade", normalmente é inseguro, tem baixa autoestima, e isso
afasta as mulheres.
Conselho
final aos homens. Determine desde o começo, conforme seu estilo e
sua personalidade, qual será o formato da relação. Quase sempre é
o homem que dita o ritmo do relacionamento. Explico. Quando o homem
já passou da fase da conquista e está no curso do relacionamento, o
comportamento inicial dele vai determinar o formato que vai ser
seguido pelos dois dali para frente. A mulher, muito provavelmente,
vai se adaptar ao estilo que o homem colocar. Claro que é um
consenso meio implícito dos dois, não estou sendo machista, mas
como é normalmente o homem que toma a iniciativa na hora da
conquista e nos encontros que se seguem, é ele também que, via de
regra, vai, ou pelo menos deveria, determinar o ritmo de todo o
relacionamento. Então se você é (assim como eu) mais tranquilo, do
tipo que não curte ou não tem necessidade de ficar se ligando ou se
vendo todo santo dia, que gosta de ficar sozinho ou sair para tomar
uma cervejinha com os amigos de vez em quando, deixe claro o seu
jeito de ser desde o começo. O que dá problema, e nem é justo com
a parceira, é querer mudar as regras do jogo no meio do jogo. Vou
exemplificar para me fazer entender melhor. Você é do tipo que liga
todos os dias no começo do relacionamento, diz bom dia, boa tarde,
boa noite, conta tudo que ocorreu no seu dia, o que comeu no almoço,
a dor de barriga que teve etc. Depois de uns meses assim você cansa e, repentinamente, para de ligar, liga só de vez em quando, não tem
mais aquela conversa de duas horas pelo telefone, só de uma hora, e
o que acontece? Lógico que ela vai estranhar, vai rolar umas "D.R.s"
e você ainda vai ficar se queixando, sem entender o que está
acontecendo, quando na verdade foi você mesmo que provocou a coisa
toda.
Para
terminar vou reforçar para homens e mulheres o que já falei um
pouco acima. Ao se relacionarem lembrem-se que são dois seres
humanos livres e independentes que optam de livre e espontânea
vontade dividirem momentos ou conviverem juntos. Não há rédeas,
nem algemas. Estabelecemos compromissos morais quando nos
relacionamos, como com parentes e amigos, mas somos livres. Ninguém
é de ninguém. Você só pertence a você mesmo e a sua consciência.
Em relacionamentos não há garantias absolutas. Na vida não há
garantias absolutas. Você é um excelente funcionário, mas mesmo
assim pode ser demitido. Você faz um bom trabalho, mas pode não ser
reconhecido pelos demais colegas. Você ajuda alguém, mas pode
receber ingratidão. Você gosta de uma pessoa, se sente bem ao lado
dela, diz sentir um grande amor por ela, mas ela pode não sentir o
mesmo por você. E daí? Você vai deixar de trabalhar, ajudar,
gostar, amar por causa disso? Vai deixar de VIVER? Ou pior, vai
deixar que as outras pessoas determinem o seu modo de viver? A única
garantia que podemos ter na vida é a de dar o nosso melhor no
trabalho, na família, nos relacionamentos, em tudo. E este processo
de melhorar sempre já é vitorioso por si só, não importa se não
reconheceram o seu esforço ou se você foi largado no altar. Você
deu o seu melhor, então você já ganhou. Você poderia ter feito melhor, errou, tudo bem, você é ser humano oras, valeu a experiência, aprenda com ela, perdoe-se e siga em frente.
Viva, sem esperar nada em
troca. Porque a própria vida já é o grande prêmio.